28 novembro 2008

TVP - Terapia de Vidas Passadas e o Espiritismo

O que a Terapia de Vida Passada e a Doutrina Espírita têm em comum?
Como terapeuta de vida passada, poderia afirmar algumas coisas.
Em primeiro lugar, a TVP é uma linha de psicoterapia que trabalha com a hipótese científica da reencarnação, e partindo deste pressuposto, cremos que tudo o que somos hoje, nossas qualidades, defeitos, pontos fracos, pontos fortes, enfim, nosso temperamento e, principalmente nosso caráter, seria a somatória de todas as experiências agradáveis e desagradáveis que passamos desde a nossa criação, passando por todas as nossas vivências até o minuto que acabou de passar.
Então, como reencarnacionista, parece que nada acontece à toa, fatos felizes e infelizes que passamos têm uma causa anterior. Porém, esta terapia não é um privilégio de quem é espírita, pois ninguém é dono da verdade, não é mesmo?
Afinal de contas, um trabalhador cumpridor de seus deveres pode realizar, em termos espirituais muito mais do que aquele que reza, e só reza o dia inteiro...
Sabemos que não se pode dar futilidade a esta terapia, visto que nosso inconsciente, este pequeno grande gravador dos fatos da vida (de todas elas), não se abre à toa, pois ele mesmo tem seu mecanismo de defesa.
Ë claro, que aparece, às vezes, no consultório aquele tipo de paciente, que gostaria de se submeter à TVP, para saber se foi algum rei ou rainha de nossa rica história (em tempo, ninguém vai para querer saber se já poderia ter sido um escravo ou um mendigo, por exemplo).
Mas, o que vemos mesmo, é que nossos personagens do passado são pessoas comuns e normais como exatamente somos hoje.
Outro motivo de grande procura é a curiosidade de se reconhecer parentes atuais em nossas vidas passadas, outro engano, pois não há o reconhecimento de ninguém. Nosso inconsciente e a própria espiritualidade não permite que isso aconteça. Só se vai saber o que for estritamente o necessário, porém nem sempre o que vem de conteúdo é aquilo que gostaríamos de ter conhecimento.
A TVP, desde que praticada seriamente e com conceitos éticos, pode oferecer resultados muito bons ao paciente.
E como tudo isto é feito?
Ë claro que, se procuramos a TVP é porque estamos sofrendo de alguma maneira, por exemplo: depressão, fobias, síndrome do pânico, etc. Porém se não houver um abrandamento de nosso caráter, nosso jeitinho de ser, que parece que vem se repetindo por vidas sucessivas, não existe a cura para nada.
Qual de nós, em algum momento não demos uma rateada por nosso orgulho, egoísmo ou pela nossa prepotência?
Coisas como paciência, tolerância, fé e resignação não estão escritas em nenhum livro de psicologia ou psiquiatria.
E é exatamente isso que a TVP vem alertar aos pacientes, que, por exemplo: se quisermos nos livrar de uma depressão recorrente de anos de tratamento, com trocas mensais de medicamentos, caros por sinal, se continuamos querendo tudo do nosso jeito?
A TVP vem para quebrar o círculo vicioso de nosso passado. Ou seja, se não houver uma reforma íntima, uma mudança de nosso padrão de comportamento não há cura.
É ai que entra a TERAPIA em TVP, sua visão é para o ser, seu caráter, como é seu funcionamento psíquico, quais padrões que se repetem, nesta vida, quais são suas intolerâncias, o que não suporta, quais são suas reações diante das dificuldades (ou não) apresentados a ele no presente.
Através do processo psicoterapêutico, utilizamos o processo de Regressão Terapêutica (TVP) para acessar os conteúdos inconscientes (desta ou de outra vida) e promovermos a modificação dos padrões de comportamento, não conscientes, naturalmente, do jeito de ser emocional do sujeito, e ele por si mesmo determina seu envolvimento com suas vidas passadas. O que deve aproveitar; o que deve desconsiderar, o que deve reciclar.
Quais situações passadas são de sua responsabilidade e quais lhe foram impostas, por crenças e valores e que, até o momento, lhe fazem frente às ações?
O processo de acessamento aos conteúdos inconscientes em processo terapêutico de TVP é absolutamente guiado por cada indivíduo, cada pessoa, cada necessidade. Tratado com o respeito, o inconsciente somente irá lhe permitir acessar aquilo que, neste momento, está maduro para se modificar ou reconhecer. Nada será acessado, nada será entendido ou modificado se o ser superior (inconsciente) não o permitir.
Por esse motivo o conhecimento dos processos utilizados pelo inconsciente, tais como os mecanismos de defesa do ego, devem ser conhecidos e trabalhados em processo terapêutico, desta forma, evitam-se muitas horas de terapia e acesso – incorretos – a conteúdos ancestrais. Apenas uma “visita” (consciente) ao passado presente, é capaz de modificar padrões, modificar crenças e pensamentos, modificar estrutura de caráter distorcido e desta forma tornando o sujeito mais adaptável à sua situação atual, modificando padrões de comportamento, repetidos há anos.
O que configura a loucura é continuar com a mesma atitude e esperar resultado diferente.
Modificando o comportamento emocional, modificando a atitude, o resultado, com certeza, será diferente.
O conhecimento trás a responsabilidade, portanto é um processo que deve ser trabalhado com muito respeito, com imparcialidade, sem julgamento ou pré-concepção de qualquer tipo.
O terapeuta em TVP, o terapeuta holístico de modo geral, acima de qualquer outro, deve ter em seu coração o desejo de ajudar, transgredir possibilidades, não é em absoluto aceitável. Julgar além dos fatos apresentados é algo impensável em terapia, ou em qualquer outra área que atue com o sentimento, ou a condição humana.
Como terapeutas deparamo-nos muitas vezes, porque não dizer, na maioria das vezes, com pessoas que sofrem, com dores, físicas ou emocionais, que claramente estão regredidas e não sabem. Não têm conhecimento de seu estado constante, de regressão, de encapsulamento no tempo. Cabe a nós, com amor, compreensão, atenção e conhecimento (sabedoria interna – muitas vezes), trazermos o indivíduo para o presente, não levá-lo mais para longe de si mesmo.
Esse é nosso trabalho, fazer com que o sujeito esteja no presente, vivendo e experienciando cada situação de sua vida HOJE, no AGORA. Se estiver regredido, trazê-lo para o hoje. Se estiver sofrendo, levá-lo ao passado para encontrar explicações maduras para seu sofrimento presente.
É um vai e vem, sempre no presente. Não vamos ao passado, o indivíduo em terapia vai ao passado inconsciente, trás a problemática, trabalhamos junto com ele, e o libertamos daquilo que ele, sujeito, não aceita, não entende, não sabia que estava lá.

19 novembro 2008

Delírio de Grandeza

Tão comum em nossos dias; O Delírio de Grandeza.


“Uma idéia delirante ou delírio consiste numa falsa crença, não corrigida pela
confrontação com a realidade, que tende a se expandir no interior do indivíduo e
ocupar um espaço muito grande em seu pensamento”.
Podemos observar, na vida cotidiana, no trânsito, no trabalho, e com maior freqüência nos noticiários - onde se evidencia a crescente falta de bom senso, o que faz com que a violência e a marginalidade sejam capa de jornais e manchete de TV.

A vulnerabilidade da auto-estima torna o indivíduo muito sensível a "mágoas", por críticas ou derrotas, ilusiona ser mais do que realmente é, ter mais direito do que realmente tem; ser indispensável ou mesmo insubstituível. Embora possa não demonstrar abertamente, as críticas podem assolar esse indivíduo e levá-lo a se sentir humilhado, degradado e vazio. Sua reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque afrontoso.

A violência, que caracteriza sua forma de auto-defesa, passa a ser uma forma de estar, para si mesmo, reforçando sua capacidade de identificar-se com algo que julga importante e fora do convencional. Algo digno de si, mais poderoso, mais forte. Essas experiências, freqüentemente, leva a um retraimento social ou a uma aparência de humildade; que irá mascarar e proteger a necessidade de ser grandioso; ou ao ataque as classes mais favorecidas, ou discordantes de sua maneira de perceber a vida.

Embora a ambição e a confiança ufanista possam levar a altas realizações, o desempenho pode ser perturbado em virtude da intolerância a críticas ou derrotas. Às vezes o desempenho profissional pode ser muito baixo, refletindo uma relutância em assumir riscos diante de situações competitivas, nas quais a derrota possa ser possível. Prefere desistir de seus objetivos, alegando desinteresse, a empenhar-se e correr o risco de não conseguir, ou de deparar-se com alguém melhor qualificado, ou de não ser suficientemente bom e despreparado para aquela situação, no momento.

Sentimentos persistentes de vergonha ou humilhação, e a autocrítica pertinente, podem estar associados com retraimento social e humor deprimido. Sente que não faz parte de nenhum grupo, ninguém está a sua altura, ou mesmo, que alguém possa desenvolver diálogo convenientemente inteligente.

Acredita ter necessidades especiais, que estão além do entendimento comum. Espera ser adulado, prestigiado e fica desconcertado ou furioso quando isto não ocorre. “Nervoso” precisa, especificamente, que esta atenção se manifeste como admiração.

Espera que lhe seja dado o que deseja ou julga precisar, não importando o que isto possa significar para os outros. Apresenta delírios, relacionados entre si, que poderá durar toda a vida. A noção de realidade inexiste. Superior, especial ou único, espera ser reconhecido pelos outros como tal, exige admiração excessiva.

Criam situações em que evidencia o próprio “Poder”; seja pela barganha financeira, ou de algum bem de consumo. Pode, por exemplo, pensar que não precisa esperar na fila e que suas prioridades são tão importantes que os outros lhes deveriam mostrar deferência, e fica irritado quando os outros deixam de auxiliar em "seu trabalho muito importante".

Freqüentemente usurpam privilégios especiais e recursos extras, que julgam merecer por serem tão especiais.

Pode professar um compromisso com o perfeccionismo e acreditar que os outros não conseguem fazer as coisas tão bem quanto eles. São propensos a crer que atingiram a perfeição. Tal reação origina-se, principalmente, do medo que sejam reveladas ou descobertas suas falhas ou imperfeições. O excessivo orgulho por suas realizações, uma relativa ausência de manifestações emocionais e um desdém pela sensibilidade alheia.

Imagina-se, delira que está acima de qualquer um; a dor do outro não tem, para ele, qualquer significado, não lhe diz respeito, afinal de contas, esses sentimentos são menores, e a outra pessoa é insignificante, é menor, fraca, e, portanto, descartável.

Pode desvalorizar rudemente a contribuição dos outros, particularmente quando estes receberam reconhecimento ou elogios por suas realizações. Estes indivíduos freqüentemente invejam os outros, e, portanto, acreditam que os outros têm inveja deles.

Pode-se contar com seu auxilio, com certeza, se o resultado estiver a serviço de seu próprio ego, ou seja, que possa estar reforçando, de alguma forma, seu delírio de importância e grandeza, acrescentando alguns pontos ao seu “Poder”.

As relações interpessoais tipicamente são comprometidas pelos problemas resultantes de expectativas irracionais, de receber um tratamento especialmente favorável, ou obediência automática às suas expectativas; da necessidade de admiração e do relativo desrespeito à sensibilidade alheia.

Tende a formar amizades ou relacionamentos românticos somente se vislumbrar a possibilidade, de que a outra pessoa, vá ao encontro de seus objetivos ou de outro modo aumente sua auto-estima. Quando não atinge os objetivos, imagina-se “abandonado” pela vida, e esse fato o torna “revoltado”, diz para si mesmo, e para os outros, que está sendo perseguido, e se dá o direito de resgatar “aquilo que é seu”, não importando quais métodos deverão ser usados, desde que consiga atingir os fins a que se propos.

O conteúdo do delírio e o momento em que ele surge podem ter relação com situações da vida pregressa do indivíduo. Pessoas propensas podem encontrar no delírio de grandeza a saída fantasiosa para uma situação grave da vida na qual se sentiu extremamente impotente; é um Mecanismo de Defesa que o ego se utiliza para continuar e sobreviver, para não sucumbir, já sucumbindo.

"... No filme K-Pax (EUA, 2001), dirigido por Iain Softley, o espectador é levado à dúvida entre duas possíveis explicações para os acontecimentos apresentados: realidade ou delírio de grandeza. Prot (interpretado por Kevin Spacey) pode ser um visitante de outro planeta ou alguém que apresenta um Delírio de Grandeza”. É um Psicótico, ou um extra-terrestre?

No mesmo filme, podemos observar quando “Prot” (KS), inicia o processo de aproximação com seu psiquiatra, que trás seu trauma à consciência, por hipnose, (apesar de pseudamente inconsciente), leva-o a enfrentar sua impotência e fragilidade. Em resposta ele torna-se catatônico, mas conserva o domínio sobre o afeto do Psiquiatra.

Vislumbramos estas situações o tempo todo em nossa vida cotidiana, não tão cinematográfica, e nem tão romanesca como no filme citado, nem por isso menos catatônicos, afastados da realidade ou da normalidade.

Deparamos-nos com esses tipos, disfarçados ou não, agressivos, passivos, claramente expostos ou dissimulados, mas eles estão sempre por ai com seu jeito próprio de manipular as situações, para obterem assim, os resultados desejados .

29 outubro 2008

ENVOLVER-SE

Automaticamente, todos os dias, o ser humano deixa de perceber determinadas coisas ao seu redor: perceber significa, de alguma forma, envolver-se.

Naturalmente entende “já ter problemas demais”, desta forma evita perceber uma série de coisas para não ter que se envolver com novas situações que poderiam trazer alguns “probleminhas” a mais...

A miopia cotidiana, ou “vista grossa”, muitas vezes ocorre automaticamente, tem-se a pretensão de pensar que dessa forma estará a salvo de qualquer cobrança de atitude, ou de qualquer envolvimento futuro..., não sabia..., não vi..., não percebi o que acontecia..., desculpe..., esqueci...

O fato é que essa “miopia” muitas vezes, leva a viver em um mundo que não existe, um mundo simplificado que, tantas vezes, acaba por agravar os “probleminhas”, e não evita-los ou soluciona-los.

Na realidade, é medo do perigo que possa causar, a si mesmo, por participar e fazer interações que “podem” implicar em responsabilidade perante o Outro, ou na necessidade de uma tomada de atitude frente à constatação de um fato. É mais fácil não perceber, não ver, deixar pra lá.

Os novos tempos, que se avizinha, não têm espaço para a falta de compromisso, para o descaso, ou mesmo, para a miopia cotidiana.

Olhos e ouvidos, internos, intuitivos e perceptivos, deverão estar abertos e despertos para participar, de forma discreta, mas não dissimulada, das ocorrências do dia-a-dia. Fazer de conta, não se comprometer com seus desejos e ter iniciativa consciente e responsavel, não é mais desculpa para a não atitude. Muitas vezes não entendendo muito bem do que se trata, mas estando aberto às oportunidades de exercitar o amor, a compaixão, a compreensão, a tolerância e o perdão - a si mesmo, na maioria das vezes.

Envolver-se, observar, participar, de forma discreta, sem transgredir o respeito e a individualidade ou o limite da escolha, é ser “humano”, com inteligência emocional para entender que somos seres gregários exatamente por necessitarmos uns dos outros para estarmos crescendo a caminho da luz, do autoconhecimento. Desenvolvendo nosso potencial de apenas desejar.

21 outubro 2008

A VIDA PODERIA TER SIDO DIFERENTE!


Quantas vezes ouvimos ou falamos desta forma?

Acredito que a vida é como aquela brincadeira feita com dominós. Um colocado de pé, frente ao outro, e, quando um é derrubado, os outros irão caindo em seqüência até que o último caia, em cascata. Efeito dominó, conseqüência imediata, a ação que gera uma reação e um resultado.
Na brincadeira, nos fascinamos em observar a trajetória, o desenho, a beleza, a arte, a habilidade do artista.

O mesmo acontece na vida – ação > reação = resultado. A diferença está em que, na vida, não se observa a trajetória, observamos apenas com pouca atenção, a primeira pedra, e com sofrimento os resultados. A trajetória sequer é percebida. Tantas vezes a beleza do trajeto, a criatividade e a beleza desse arranjo, não é vista.

Imagine uma situação qualquer. Não importa qual. Olhe para ela, siga-a passo-a-passo. Qual foi a primeira ação ou foi uma reação?

A primeira ação provocou uma reação, e essa reação uma nova ação e assim sucessivamente. Observe, uma a uma, sem pressa para chegar à última (que jamais será). O que motivou a primeira ação? Foi ação ou reação? Se for ação ou reação, qual a intenção que se esperava obter, qual resultado (reação)?
Naquele momento foi satisfatório ou não atingiu o fim desejado, e desta forma aprendeu-se que a ação, ou reação, deveria ser modificada para se tentar atingir o fim proposta, o fim do jogo?

De ação/reação o jogo continua e nesse jogo (da vida) varias outras vidas trocam experiências e interagem. Os personagens entram e saem, o script vai se modificando a cada nova situação, a cada nova ação ou reação.

E assim vai, vida a fora, algumas vezes o jogo tem um bonito desenho, outras, se contorce, enrosca, tem que se endireitar as peças, e vai-se caminhado, agregando novos valores, novos conhecimentos, novos companheiros, novos comportamentos.

Ao se olhar para a primeira ação (quando possível), e desfilamos lado a lado com os acontecimentos; sendo apenas um observador, uma testemunha silenciosa, que não julga, apenas observa os fatos e acontecimentos mais significativos e escreve a história; observamos o que foi agregado, o que faria diferente, o que poderia modificar em seu momento atual.

Certa vez atendi uma senhora, em profundo estado de depressão, com muitas dores na coluna e fortes dores nas mãos e se queixava de quedas constantes, dizia ter joelhos “frouxos”. Sua maior queixa não era, exatamente, a depressão, mas as dores que a “incomodavam terrivelmente”. Com a depressão (a qual ela chamava de tristeza) ela já havia se acostumado, que faziam parte da vida, bla bla bla..., mas aquelas dores a estava matando, que aquilo deveria ser castigo, que a vida não estava sendo justa com ela; que tanto sacrifício..., ter passado por tudo o que já havia passado..., e agora tinha que sofrer tamanhas dores..., que havia se separado do marido há séculos atrás, (30 anos), quando as “crianças” (uma filha 32 anos e um filhos 38 anos), ficou praticamente abandonada (professora pública e diretora de escola particular aposentada) e teve que sustentar sozinha aquela situação, criar os filhos, estudar, trabalhar, bla bla bla...

Reclamou por umas 4 ou 5 sessões, seu vitimismo só aumentava e se auto nutria. Não havia parado e olhado, de fora, sua trajetória. Olhava apenas para o que poderia ter tido, o que havia perdido, o que poderia ter feito, não o que havia ganho ou produzido.

Quando finalmente trabalhamos, detalhadamente, passo a passo sua trajetória; um trabalho dolorido, que requer determinação e força de vontade - (o que não lhe faltava, visto ter energia suficiente para utilizar contra si); surpreendeu-se com as conquistas feitas, por seu próprio empenho e mérito pessoal. As pessoas que havia conhecido, as que havia influenciado, as que a haviam inspirado...

Surpreendeu-se mais ainda, quando fez a trajetória inversa, “como se não tivesse”..., o resultado teria sido desastroso. Tendo em vistas os acontecimentos passados (mais de 30 anos), se tivesse se mantido na relação, talvez hoje pudesse ser viúva presa em algum sistema carcerário, poderia ter-se aniquilado, sido enfraquecida, submetida, estaria internada em alguma clinica, etc... (ela é dramática, mas tem caráter forte).

Ao fazer a descrição - mais para si do que para mim; do que poderia ter sido, e do que era naquele momento, e que na realidade, seu trajeto apenas demonstrou o quanto era possível não ter mais aquela muleta de “coitadinha” e pseudo dependência. As dores misteriosamente foram diminuindo, os joelhos não mais “afrouxaram” e as mãos passaram realmente a pegar com determinação consciente. Começou a realmente desfrutar as conquistas feitas.

E você, como seria sua vida Hoje, Agora, se aquela situação, decisão, ação, reação, tivesse sido diferente? Qual benefício você obteve ao tomar essa ou aquela decisão, ter tido essa ou aquela atitude?

Para sair do passado, temos que ter a coragem de olhar para ele, da forma como ele é, não da forma como virtualmente nos lembramos dele. Elaborar honestamente a nós mesmos, não os outros envolvidos em nosso jogo de dominós.


20 outubro 2008

QUEBRA DE PARADGMAS

· I - Universo e Globalização:

- Perguntamos sempre o que viemos fazer aqui? Quem somos neste contexto global?
O mundo moderno era um mundo que favorecia ordem unida, ditando um padrão comportamental onde a esquisitice não incomodava tanto porque a pessoa se acomodava em algum estereótipo que esse mundo gerava. No entanto, essa padronização acabou quando surgiu a globalização.

No mundo moderno industrializado existiam determinados padrões de referência, tais como o familiar, representado pelo pai, o da empresa pelo chefe, o da religião por Deus,... e, assim por diante.

No mundo atual essas figuras impares ou Universais que tendem ao UM centralizador, ficam desestabilizadas em uma sociedade globalizada onde vigora a pluralidade de laços sociais, ou a quebra dos estandartes. Esta realidade não acomoda o fator esquisito que tanto se tenta esconder.

Desta forma, restam poucas opções para se lidar com as esquisitices:

  1. - Nega-las ou construir novos padrões de comportamento mais autênticos, de acordo com o Eu Interior.
    Tornar-se mais independente das expectativas do Outro, passar a dar mais valor aos conteúdos mais íntimos, fazer nova amizade consigo mesmo, ou se colocar em check-mate diante de um mundo onde as coisas não acontecem com muita clareza.
    A transparência é uma das exigências dos novos tempos.
    Como ser transparente sem saber o que é transparência, visto que ela ultrapassa a natureza do ser humano?
  2. – Aprender a lidar com o risco da quebra de padrões, confrontar as esquisitices que levam a grandes angustias, a tentativas de sedação (uso de tranqüilizantes), ou ao afastamento do convívio social.
    O ser humano se sente mal com sua forma de ser, com sua forma esquisita de ser, não está acostumado a se responsabilizar por seus atos, a dar uma resposta às coisas que não entende. E o que é pior, pensa ser o único; que sua esquisitice é a pior e a mais abominável de todas.

- Qual seria o antídoto às tentativas frustradas de individualismo?

Um bom antídoto seria detectá-la, nomeá-la, separa-la das esquisitices do Outro, e ser amigo de si, respeitar seus desejos, respeitar seu jeito peculiar e único de ser, lidar com essas diferenças de forma criativa.

Quando se é amigo de alguém se tolera esse "outro" diferente e esquisito. Sabendo que o amigo é assim mesmo, e que apesar disso, continua sendo amigo, que tem seus limites e que contar com ele é relativo.

Porque não fazer isso consigo mesmo, porque não ser seu próprio amigo, e deixar as expectativas alheias de lado, exigindo somente o que pode ser exigido, até o ponto que sabe e pode fazer?

No amor, no relacionamento a dois, um realiza a esquisitice do outro. As esquisitices se completam e se complementam. Porque não amar tanto a si próprio a ponto de responsabilizar e realizar, para si mesmo as próprias esquisitices?

Quando os padrões, nos quais se acredita, não são sustentados e divididos por pessoas que estão próximas, começa-se a desconfiar de tudo e de todos. Neste tempo de globalização ninguém dá muito crédito a nenhuma identidade, e sem um crédito estável nem a própria pessoa dá crédito a si e começa a desconfiar de si própria.

Estar alerta para o eu interior, ser amigo de si, respeitar seus desejos, respeitar seu jeito peculiar e único de ser, lidar com essa “coisa esquisita” de forma criativa é a senha para bem viver.