23 maio 2009

DESCONFIANÇA de tempo suspeito- (1ª parte)

Tempo do prazer é um tempo suspeito. Essa desconfiança está em relação com o corpo e o tempo finito do corpo que morre. O corpo desmente a maior desconfiança, ele decai. Há uma revolta e um massacre do corpo. Ele é finito.
Falta tempo.
Vivencia-se pouco o corpo, apesar de visualizá-lo em out-doors. Culto ao corpo. O envelhecimento do corpo, hoje, com mais tempo do corpo em vida, não sabe muito bem o que fazer; não se tem conhecimento de como é viver muito, viver longamente. Criam-se atividades para dar sentido ao corpo.
O tempo de lazer (nos finais de semana) não é articulado, mas um processo compensatório.
A modernidade – intenção imediata; diminui as distâncias com os acontecimentos. São muitos os contatos em menor tempo. O acesso é diferente do direito (esforço em relação à conquista), a falta do deslocamento físico para ter acesso, não se traduz em direito.
Olhar a si mesmo, e olhar o outro demanda tempo; refletir, pensar, sentir. Caminho da desaceleração. Na aceleração de movimentos, escravos da velocidade, escravos do sentimento de dever. Articular o tempo entre obrigação (dever) e prazer (liberdade). No dever há obrigação de fazer em menor tempo, e o corpo treinado, para ser produtivo, um instrumento prático. O corpo “coisificado”. O corpo automatizado ao tempo - o corpo subordinado ao trabalho; cadeirante passa a maior parte do tempo sentado; repete movimentos.
O corpo não é o corpo real, é idealizado, ilusionado ideal. Conquista-se o direito de manipular a idade. Não é permitido envelhecer, mas as várias articulações para a permanência no jovem. Adquire-se o direito sobre a massa corpórea, regiões determinadas do corpo passam a ser cuidadas porque serão vistas – imagem. Valorizar o visual é o realce na sociedade do olhar, o culto ao corpo como forma de “reforço” da auto-estima.
A fase infantil tende a ser superada – não há tempo para privilegiar a infância, não há tempo para que a infância seja vivenciada como tal. O mercado, a sociedade do olhar oferece: top-model, miss isso, miss aquilo, fundamentada no prazer.
Durante toda a vida existe um projeto para o corpo. Desde o nascimento se recebe instruções externas, a pessoa não sabe bem o que fazer, no contexto geral. Fica a espera do recebimento de instruções. O corpo no fazer, perde-se do ser. O sentido emocional distancia-se, perde-se o determinismo.
Pensar na vida como processo é o tempo como possibilidade; em determinado momento perceber a vida como possibilidades futuras de viver um novo tempo diferente.

Nenhum comentário: