05 outubro 2015

A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

 Como Levar Inteligência Às Emoções;
“Todo homem nutre reminiscências que não contaria a ninguém mais além de seus amigos. E, algumas questões não revelaria nem mesmo aos amigos, guardando-as apenas para si, sigilosamente. Porém, há certas coisas que o homem teme expressar até para si mesmo, e todo homem decente armazena um grande número dessas últimas em sua mente”. (Fyodor Dostoievsky).

Ansiedade, medo, amor, ódio. Nosso dia-a-dia é uma soma de emoções diferentes que nos assaltam, às vezes, de forma inexplicável. As pessoas costumam enganar-se quando se trata das razões íntimas de suas atitudes e sentimentos; quando não há um estimulo evidente e plausível, as pessoas criam razões e acreditam nelas. As explicações baseiam-se na reação produzida e não no conhecimento do porquê de tais reações. As reações são produzidas por sistemas de atividade Inconsciente, responsável por complexas avaliações de crenças, valores e atitudes.
As lições emocionais aprendidas na infância, em casa e na escola, modelam circuitos emocionais, tornando o indivíduo mais apto, ou inapto, nos fundamentos da Inteligência Emocional. A infância e adolescência são janelas críticas de oportunidade para determinar os hábitos emocionais que irão governar o destino do indivíduo.
O impulso, o sistema Inconsciente, é o veículo da emoção. A semente de todo impulso é um sentimento explodindo para expressar-se em ação, o sentimento esmaga toda a racionalidade. A capacidade de controlar os impulsos é a base da força de vontade e do caráter; adquiridos através do conhecimento das próprias motivações. 
Inconsciente não julga e não elabora – apenas aceita e executa – de acordo com seu entendimento e apreensão primária, cuja alfabetização foi rudimentar e empobrecida em seus significados. Tudo o que acontece em nosso mundo interno (e externo) estará de acordo com impressões feitas ao Inconsciente.
Não há espaço/tempo, na mente Inconsciente – que tudo sabe e tudo vê; e tudo fará para que se realize o desejo nela impregnado – seja em que tempo for. O Inconsciente, - sujeito oculto em cada indivíduo, - orienta-o em todos os atos e pensamentos; e, um Inconsciente contaminado e empobrecido por crenças e valores distorcidos, levará ao caos e ao sofrimento.
O problema não está na emocionalidade, mas, na adequação das emoções em sua manifestação. A emoção ocupa lugar de destaque e importância na evolução humana. Todas as emoções, em essência, são impulsos para agir. Em situações traumáticas, seleciona e reage apenas a determinadas percepções relativamente indolores e supervalorizas, conscientemente; para ocultar percepções mais terrificantes, - relacionada às escolhas e pobreza das opções Inconscientes. Coloca-se, então, em um estado de “blindagem” emocional. Barra da consciência impulsos indesejados, qualquer de seus derivados, sejam eles recordações, emoções, desejos ou fantasias de realização de desejo. Coloca-se em um estado de inércia emocional, intocável, há a interrupção do circuito pensamento/afeto, consequentemente há ineficiência emocional para reprimir as “fortes emoções” que serão deslocadas, muitas vezes, para seu oposto. Um estado de humor pode ser encobridor de estados de ânimo mais dolorosos.
Cada emoção/pensamento prepara o corpo para um tipo de resposta muito diferente. Cada emoção oferece uma disposição distinta para agir, (ou não), impulsos arraigados para agir divorciado de uma reação afetiva óbvia. A Racionalidade Consciente, com capacidade de ponderar e refletir; dissocia-se da Mente Emocional, sistema de conhecimento impulsivo e poderoso, embora às vezes ilógico para a mente racional consciente. Determinadas emoções “inaceitáveis”, serão negadas, com formação ansiosa de nova emoção “aceitável”, a fim de contradizer a primeira não satisfatória.
 A forma de pensar, agir e sentir, que desencadeia reações inadequadas, condicionadas, inconscientemente, de forma alguma foi descartada, apenas não se tornará evidente enquanto reação, foi apenas reprimida, e de forma modificada e travestida ressurgirá contraria ao desejo, em qualquer outra situação que requeira investimento emocional semelhante.
A inaceitabilidade de uma emoção é a memoria condicionada ao esquecimento de sua origem Inconsciente, a “memória emocional” causadora de emoções infantis, serão sentidas como “inadequadas” no momento atual da vivência do indivíduo. A memória assertiva e explicita é o resultado da “memória de uma emoção” em sua origem, trazida ao Consciente pela elaboração, cuja experimentação levará a diversificar, criar novos caminhos de exploração, melhores e mais produtivos.
As duas instâncias, Consciente e Inconsciente, deveriam operar em estreita harmonia. A emoção deveria alimentar e informar as operações racionais, e a racionalidade refinar, e, às vezes, vetar o insumo das emoções avaliando-as, ponderando e dando-lhes melhor destino.
Das paixões surge o desequilíbrio, a emocionalidade toma o comando e inunda a racionalidade.
As experiências emocionais conscientes constituem um dos aspectos e não a função principal dos sistemas que a produzem. Isso não torna menos real ou importante a experiência de amor, medo, tristeza ou medo, mas significa tão-somente que, se quisermos entender e promover saúde e a Inteligência Emocional deveremos entender de onde vêm as vivência emocionais, as “memória de uma emoção”, cavar mais fundo na subjetividade da mente Inconsciente – levar inteligência às emoções.

“Eu via a face do inimigo, era a minha própria” – prov. Oriental.