21 outubro 2008

A VIDA PODERIA TER SIDO DIFERENTE!


Quantas vezes ouvimos ou falamos desta forma?

Acredito que a vida é como aquela brincadeira feita com dominós. Um colocado de pé, frente ao outro, e, quando um é derrubado, os outros irão caindo em seqüência até que o último caia, em cascata. Efeito dominó, conseqüência imediata, a ação que gera uma reação e um resultado.
Na brincadeira, nos fascinamos em observar a trajetória, o desenho, a beleza, a arte, a habilidade do artista.

O mesmo acontece na vida – ação > reação = resultado. A diferença está em que, na vida, não se observa a trajetória, observamos apenas com pouca atenção, a primeira pedra, e com sofrimento os resultados. A trajetória sequer é percebida. Tantas vezes a beleza do trajeto, a criatividade e a beleza desse arranjo, não é vista.

Imagine uma situação qualquer. Não importa qual. Olhe para ela, siga-a passo-a-passo. Qual foi a primeira ação ou foi uma reação?

A primeira ação provocou uma reação, e essa reação uma nova ação e assim sucessivamente. Observe, uma a uma, sem pressa para chegar à última (que jamais será). O que motivou a primeira ação? Foi ação ou reação? Se for ação ou reação, qual a intenção que se esperava obter, qual resultado (reação)?
Naquele momento foi satisfatório ou não atingiu o fim desejado, e desta forma aprendeu-se que a ação, ou reação, deveria ser modificada para se tentar atingir o fim proposta, o fim do jogo?

De ação/reação o jogo continua e nesse jogo (da vida) varias outras vidas trocam experiências e interagem. Os personagens entram e saem, o script vai se modificando a cada nova situação, a cada nova ação ou reação.

E assim vai, vida a fora, algumas vezes o jogo tem um bonito desenho, outras, se contorce, enrosca, tem que se endireitar as peças, e vai-se caminhado, agregando novos valores, novos conhecimentos, novos companheiros, novos comportamentos.

Ao se olhar para a primeira ação (quando possível), e desfilamos lado a lado com os acontecimentos; sendo apenas um observador, uma testemunha silenciosa, que não julga, apenas observa os fatos e acontecimentos mais significativos e escreve a história; observamos o que foi agregado, o que faria diferente, o que poderia modificar em seu momento atual.

Certa vez atendi uma senhora, em profundo estado de depressão, com muitas dores na coluna e fortes dores nas mãos e se queixava de quedas constantes, dizia ter joelhos “frouxos”. Sua maior queixa não era, exatamente, a depressão, mas as dores que a “incomodavam terrivelmente”. Com a depressão (a qual ela chamava de tristeza) ela já havia se acostumado, que faziam parte da vida, bla bla bla..., mas aquelas dores a estava matando, que aquilo deveria ser castigo, que a vida não estava sendo justa com ela; que tanto sacrifício..., ter passado por tudo o que já havia passado..., e agora tinha que sofrer tamanhas dores..., que havia se separado do marido há séculos atrás, (30 anos), quando as “crianças” (uma filha 32 anos e um filhos 38 anos), ficou praticamente abandonada (professora pública e diretora de escola particular aposentada) e teve que sustentar sozinha aquela situação, criar os filhos, estudar, trabalhar, bla bla bla...

Reclamou por umas 4 ou 5 sessões, seu vitimismo só aumentava e se auto nutria. Não havia parado e olhado, de fora, sua trajetória. Olhava apenas para o que poderia ter tido, o que havia perdido, o que poderia ter feito, não o que havia ganho ou produzido.

Quando finalmente trabalhamos, detalhadamente, passo a passo sua trajetória; um trabalho dolorido, que requer determinação e força de vontade - (o que não lhe faltava, visto ter energia suficiente para utilizar contra si); surpreendeu-se com as conquistas feitas, por seu próprio empenho e mérito pessoal. As pessoas que havia conhecido, as que havia influenciado, as que a haviam inspirado...

Surpreendeu-se mais ainda, quando fez a trajetória inversa, “como se não tivesse”..., o resultado teria sido desastroso. Tendo em vistas os acontecimentos passados (mais de 30 anos), se tivesse se mantido na relação, talvez hoje pudesse ser viúva presa em algum sistema carcerário, poderia ter-se aniquilado, sido enfraquecida, submetida, estaria internada em alguma clinica, etc... (ela é dramática, mas tem caráter forte).

Ao fazer a descrição - mais para si do que para mim; do que poderia ter sido, e do que era naquele momento, e que na realidade, seu trajeto apenas demonstrou o quanto era possível não ter mais aquela muleta de “coitadinha” e pseudo dependência. As dores misteriosamente foram diminuindo, os joelhos não mais “afrouxaram” e as mãos passaram realmente a pegar com determinação consciente. Começou a realmente desfrutar as conquistas feitas.

E você, como seria sua vida Hoje, Agora, se aquela situação, decisão, ação, reação, tivesse sido diferente? Qual benefício você obteve ao tomar essa ou aquela decisão, ter tido essa ou aquela atitude?

Para sair do passado, temos que ter a coragem de olhar para ele, da forma como ele é, não da forma como virtualmente nos lembramos dele. Elaborar honestamente a nós mesmos, não os outros envolvidos em nosso jogo de dominós.


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